Vã Filosofia - Para Refletir

"Muitas pessoas acreditam que nós estamos na era dos arcos retos e que a Dobra de fios não é mais necessária. Entretanto, a técnica do arco contínuo, na qual um fio elástico é inserido e recolocado aumentando a espessura dos fios não permite ajustes de acordo com a morfologia esquelética individual, tamanho dos dentes e dentição de cada paciente, assim como idade, gênero e desejos pessoais. Se esses ajustes não são necessários, os resultados dos tratamentos deveriam ser os mesmos em todos os casos, mas isso não é a realidade. Entretanto é verdade que avanços recentes nas propriedades dos fios tenham mudado as técnicas clínicas, e o desenvolvimento dos fios com alta resiliência tenham reduzido (mas jamais eliminado) a necessidade de Dobras e Alças.

Outra consideração é o desenho dos brackets. A força do fio é transmitida ao tecido periodontal e ao osso alveolar via brackets colados nos dentes, e a morfologia e tamanhos dos brackets diferem de acordo com o desenvolvimento de cada técnica/prescrição e entre os fabricantes. Embora cada bracket tenha torque, angulação, in/off-set, e morfologia baseada no seu desenho original, é estranho que (na grande maioria dos brackets) apenas um tipo seja usado para a técnica/prescrição; sem alteração para as necessidades únicas e individuais de cada paciente. Existem apenas alguns brackets nos quais a angulação e o torque diferem dependendo quando existe ou não a indicação de exodontia no plano de tratamento. Digo ainda; toque específico para incisivos laterais, onde há maior vestíbulo ou palato-gressão, off-set maior para caninos inferiores, torques diferenciados para pré-molares, off-set mais acentuado para molares superiores, além de diferentes angulações para alguns dentes. Ainda assim, vamos imaginar que sim: existe uma marca comercial "X" que produz casos individualizados onde você pode comprar um bracket de canino específico com diferentes valores de angulação, diferentes valores de torque e diferentes valores de off-set. Agora multiplique isso para todos os dentes em questão no caso do seu paciente. Agora multiplique novamente isso para todos os casos da sua prática clínica. Já imaginou o tamanho da(s) gaveta(s) do seu consultório para guardar essa imensidão de diferentes brackets que serão necessários para suprir os diferentes casos que você terá na sua prática clínica?! Será que não é mais "prudente" dominar o bracket do que ser dominado por ele(s)?!

Colocando a morfologia esquelética e função de cada paciente de lado, deveria ter ao menos alguma acomodação para formatos e tamanhos diferentes de coroas e raízes. Na fabricação, o critério original usado na pesquisa e cálculo estatístico empregados pelos desenvolvedores de cada técnica é utilizado como base para o desenho dos brackets. Por exemplo, alguns anos atrás, brackets vendidos como sendo designados especialmente para pacientes asiáticos e hispânicos tornaram-se comercialmente disponíveis, mas foram desenvolvidos baseados apenas em exemplos de japoneses, coreanos, chineses e populações mexicanas. Seria uma questão razoável porque essas nacionalidades específicas foram selecionadas e em que base esses grupos étnicos foram combinados.

Se uma "marca" oferecer sapatos e roupas só de um tamanho, ninguém deveria comprar lá. Essa situação absurda é análoga ao estágio atual do mercado ortodôntico. Trazendo fios contínuos ao mercado meramente para aumentar as vendas representa uma inversão (má colocação) de prioridades. Existe uma variedade imensa de brackets estratégicamente/financeiramente colocados hoje no mercado tentando suprir essa necessidade de individualização dos casos, o que é legítimo, porém, alguns "se aproveitam" disso para fidelizar os profissionais, ao invés de ensinar os Ortodontistas dominarem a técnica de individualização.

Para nós e para o autor de parte desse prefácio, qualquer bracket ou fio é aceitável, se for fácil de utilizar. Preferimos técnicas que são efetivas e eficazes. Utilizamos muitas Dobras e Alças para individualizações e assim dominarmos o caso, sem permitir que "ele" nos domine..."

 

Nakajima, Dobras e Alças

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